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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Amor..

Após alguns minutos, Essie olhou para dentro da sala para checá-la. Ela notou a coloração cinzenta do rosto de Jenny e saiu correndo ,voltando em seguida com um pano húmido e sais aromáticos, segurando-os sob o nariz de Jenny por um longo tempo até que ela começou a se mexer e depois parou. Continuei falando com ela em voz alta, pedindo-lhe que respirasse profundamente de forma que eu sentisse o ar saindo sobre a palma da minha mão. Sua pele estava acinzentada. Senti o seu pulso: sessenta batimentos por minuto. Passei nervosamente o pano húmido sobre a sua fronte, as faces e o pescoço. Um pouco depois, ela retomou a consciência, embora ainda estivesse bastante grogue.
- Você me deixou preocupado - eu disse.
Ela apenas olhou para mim sem entender por que eu haveria de ter ficado preocupado. Em seguida, adormeceu novamente. (...)

Ao entrar, eu me detive. Eu teria apostado uma fortuna que aquilo que estava vendo jamais viria a acontecer. Nosso cão elétrico colocara seus ombros entre os joelhos de Jenny e apoiou docemente sua grande cabeça quadrada em seu colo. Seu rabo estava caído entre as pernas, que eu me lembre era a primeira vez que não o balançava ao estar perto de qualquer um de nós. Ele a olhava e soluçava baixinho. Ela passou a mão sobre sua cabeça algumas vezes e, então, sem que esperássemos, ela escondeu o rosto no pêlo de seu pescoço e irrompeu a chorar. Um choro doído, sentido, imenso.
Ela continuou abraçada a ele por um longo tempo, Marley paralisado, Jenny agarrada a ele como a um boneco gigante. Fiquei ao deles, um intruso diante de um momento íntimo sem saber o que fazer. E então, sem erguer o rosto, ela estendeu um braço em minha direção, e eu me aproximei do sofá, passando meus braços em torno dela. Ficamos os três ali, atados num mesmo abraço de profunda dor.


Marley e Eu.

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