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quarta-feira, 30 de março de 2011

Saudades,

        

         Realmente o amanhecer é lindo, mas o que é ainda mais encantador é o pôr-do-sol. Todos os dias durante a semana acordo pontualmente às 6 horas para vê-lo. Aqui de cima de minha casa é bem mais emocionante vê-lo do que as pessoas que moram no centro da cidade, pobres coitadas!
         Mas, sinceramente, isso me tocou mais profundamente este ano, talvez porque seja o último... Mas a realidade se aproxima a cada dia que passa e isso me deixa triste. Sei que a escola vai continuar no lugar em que está que poderei revê-la quando quiser, que ano que vem outras pessoas estarão no meu lugar e que de alguma forma também sofrerão, mas não será a mesma coisa. Não verei mais a escola frequentemente e nem as pessoas que nela estão não subirei aqueles andares daquela escada que tanto subia e descia e por vezes escorregadia, não verei os professores, não verei os ônibus, não comerei a merenda, não verei os colegas e o pior, não verei os amigos, àqueles do coração, bem aqueles que deixam seu dia mais alegre, que confiam em você e que você deposita toda sua confiança e amor neles.
         Melhores amigos do mundo? Não. Não são. Se nós quatro fossemos perfeitos, assim como a Barbie ou qualquer outro símbolo de perfeição adequado, poderia julgar essa frase até boa para nós. São pelos defeitos que encontramos nossas qualidades! Mas até dos defeitos sentirei saudades. Uma podia ser loira e magra, nada contra, outra podia ser meio extravagante, outra cheirava unha... Mas nada que me incomodasse.
         Mas assim que temos que continuar todos os dias indo à escola, subindo naquele ônibus, passando pelas mesmas casas e com a mente noutro lugar, um lugar frio e vazio, passando pelas mesmas árvores, mesmo chão, mesmas pessoas, passando até pela mesma vaca que fica a observar-me. Passa-se então, pelo mesmo corredor, atravessando uma multidão de crianças endiabradas, e sobe a escada, àquela escada escorregadia que dá a sala de aula, vendo tudo normal, as cadeiras, quadro, colegas, e até o mesmo cheiro mofado de sempre. Você apenas senta, ouve, fala e quando vê o tempo já passou, você está vendo outra vez a mesma vaca, a vaca malhada, com tetas caídas e remoendo alguma coisa na sua grande boca babada. E dá vaca sentirei saudades.
         Outro dia começa, mesmo chovendo, o pôr-do-sol que nasce além das montanhas continua a iluminar o meu dia, e disso de fato eu sentirei saudade. Às vezes pode até não aparecer-lo, mas sei que em algum lugar do mundo, ele estará iluminando o dia de alguém.



 Minha criação

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